"LA NO-INSPIRACIÓN..."

Hoy no tengo Inspiración...

¿Qué hago cuando no tengo inspiración?

Cuando no tengo inspiración... le escribo a la no-Inspiración.

Lanzo mi anzuelo al mar de las palabras y espero que alguna muerda seducida por la carnada de mis deseos de escribir.

Miro al horizonte y sueño que ya se dibuja sobre la línea de mi hoja la silueta de la palabra justa.

Siento un sonido y quiero creer que son las plumas de la inspiración que se mueven y al fin, ésta, deja su nido para venir y rozarme con sus alas.

Cuando no tengo inspiración ruego al viento que mueva mis manos para que la letra sea el resultado justo del engranaje que conecta a mi corazón con mi mente.

Si la inspiración no viene trato de salir a buscarla y si, en mi camino, no la encuentro, clavo en paredes y arboles pedidos de rescate ofreciendo dar por recompensa mis letras a quien me ayude encontrarla.

Cuando la inspiración se esconde de mí... trato de vencer su timidez con la osadía del seductor que, con lazos de amor, atrae hacia sí al objeto de su amor.

Y si aun así se resiste cambio con ella los roles y termino convertido en su esclavo implorándole que, aunque se aleje, nunca me abandone...!

¡Por eso Hoy le escribo a la no-Inspiración...!

Le escribo a ese instante de agonía que nunca da, afortunadamente, el paso hacia la muerte.

Le escribo al hálito que se niega a ser catarata de vida, pero que no ha sido vencido para ser sepultado en el cementerio de las palabras.

Le escribo al suspiro que es casi silencio, pero que esconde sueños grandes que verán la luz cuando la inspiración sea ya un grito.

Le escribo al susurro que, cómplice con el vacío, casi no deja escuchar a la palabra ahogada por la sequedad del alma.

Sí... le escribo a la no-Inspiración y le doy la bienvenida, porque ella es solo el portal detrás del cual se esconde el castillo de mis palabras...

¡Le doy la bienvenida, porque ella es el preludio de lo que vendrá, así como el relámpago anuncia al trueno..., la nube a la lluvia... o el arco iris al sol...!

Le escribo porque si la no-Inspiración fuera día... sería siempre ayer ya que  siempre que escribo es mi presente hecho inspiración.

Hoy no estoy inspirado.

Por eso hoy te escribo a Ti, no-Inspiración...

Ya pronto no serás...

¡Aprovecha tu momento... que YA pronto no serás...!

 

"A NÃO-INSPIRAÇÃO..."

  

Hoje não tenho Inspiração...

Que faço quando não tenho inspiração?

Quando não tenho inspiração... escrevo à não-Inspiração.

Lanço o meu anzol ao mar das palavras e espero que alguma morda seduzida pelo isco dos meus desejos de escrever.

Olho o horizonte e sonho que já se desenha sobre a linha da minha folha a silhueta da palavra certa.

Sinto um som e quero crer que são as plumas da inspiração que se movem e, por fim, esta, deixa o seu ninho para vir e roçar-me com as suas asas.

Quando não tenho inspiração rogo ao vento que mova as minhas mãos para que a letra seja o resultado certo da engrenagem que conecta o meu coração com a minha mente.

Se a inspiração não vem trato de sair à sua procura e se, no meu caminho, não a encontro, cravo em paredes e árvores pedidos de resgate oferecendo dar por recompensa as minhas letras a quem me ajude a encontrá-la.

Quando a inspiração se esconde de mim... trato de vencer a sua timidez com a ousadia do sedutor que, com laços de amor, atrai para si o objecto do seu amor.

E se ainda assim se resiste trocamos de papéis e termino convertido em seu escravo implorando-lhe que, ainda que se afaste, nunca me abandone...!

Por isso Hoje escrevo à não-Inspiração...!

Escrevo a esse instante de agonia que nunca dá, afortunadamente, o passo para a morte.

Escrevo ao hálito que se nega a ser catarata de vida, mas que não foi vencido para ser sepultado no cemitério das palavras.

Escrevo ao suspiro que é quase silêncio, mas que esconde sonhos grandes que verão a luz quando a inspiração seja já um grito.

Escrevo ao sussurro que, cúmplice com o vazio, quase não deixa escutar a palavra afogada pela secura da alma.

Sim... escrevo à não-Inspiração e dou-lhe as boas-vindas, porque ela é só o portal detrás do qual se esconde o castelo das minhas palavras...

Dou-lhe as boas-vindas, porque ela é o prelúdio do que virá, assim como o relâmpago anuncia o trovão..., a nuvem a chuva... ou o arco-íris o sol...!

Escrevo-lhe porque se a não-Inspiração fosse dia... seria sempre ontem já que sempre que escrevo é o meu presente feito inspiração.

Hoje não estou inspirado.

Por isso hoje te escrevo a Ti, não-Inspiração...

Em breve já não serás...

Aproveita o teu momento... já que, 

brevemente, não serás...!

Sergio

07.02.2011